ARQUIVO

Volta e meia se faz necessário retornar aos lugares em que os olhos não foram capazes de absorver significado.

No caminho circular, encontra-se no passado uma brecha para conciliar-se às percepções do presente. O futuro é uma previsão desconstruída dos processos contínuos de criação, provocada pelas próprias descontinuidades do olhar para o passado.

A atemporalidade é uma arqueologia de possibilidades, uma massa de informações ancestrais que cruza os pedaços de uma narrativa. Está no ato de recontar histórias, reconstruir caminhos e restabelecer  fronteiras. Ela conecta os pontos inicial e final do movimento circular.

Em "Arquivo", Angela Brito revisita o acervo de suas criações reformulando peças de coleções anteriores. Inspirada no baú de fotografias de sua família, no qual teve acesso no retorno à sua cidade natal, em Cabo Verde, traz em sua nova coleção texturas carregadas em memória afetiva, a calidez dos tons terrosos, a secura dos beges, o toque macio do azul e do amarelo.

A partir da compreensão do diálogo atemporal existente entre suas coleções passadas, Angela Brito revela, em "Arquivo", os pontos de ligação que norteiam seu trabalho. Todas as suas coleções são únicas, mas conversam entre si, como partes da mesma história.